sábado, 25 de outubro de 2014

Marinalva

Faz tempo que estou organizando as ideias para escrever esse post, mas faltava a época certa, acho eu.
 
Quero falar um pouco sobre a minha mãe, que por um capricho do destino é a minha mãe, mas poderia ser a mãe de qualquer outra pessoa no mundo, no muuundo, mas é a  minha.
 
Uma breve descrição dela é que ela é falante, trabalhadeira, mandona, vaidosa, briguenta, esquentadinha, carinhosa, sabe de tudo, sabe de nada, assim uma mãe.
 
Esse seria um resumo dela, o mais interessante é que por mais que ela tente me ensinar, acabou me explicando uma coisa bem interessante na nossa vida.
 
Entre mês passado e esse não teve muita chuva, garoou um pouco, teve gente famosa apoiando candidat@, teve gente nascendo, teve gente morrendo, teve futebol, teve greve dos bancários, teve gente se acusando, teve gente se perdoando e etc.
 
O que eu queria mesmo é saber que entre o mês passado e esse teve mais gente doando, mais gente reciclando, mais gente andando de bike, mais gente plantando, mais gente cantando...
 
Não vou me estender muito, chega uma hora que falar é desnecessário, é preciso agir.
 
Faz 22 anos que minha mãe mora na mesma rua, uma ladeira de queimar as batatas da perna de qualquer pessoa, e a parte de cima da rua era um depósito de lixo, misteriosamente juntava um tanto de lixo assim:


Um mistério digno de reportagem, com direito a delegados, videntes, advogados, sanitaristas e ilusionistas, todos querendo saber como é que esse lixo todo simplesmente escolhe o comecinho da rua para se depositar.
 
Queriam ligar no Pentágono, no Palácio do Planalto, no Vaticano!
 
Ao invés de fazer uma ligação de curta ou longa distância, minha mãe fez algo que estava bem à mão.
 
Pegou uma enxada, uma pá e um carrinho de mão e subiu a ladeira que faz queimar a batata da perna e limpou o lugar. 
 
Ela LIMPOU, ou seja, purificou, serenou, livrou de impurezas, os vizinhos pararam para vê-la, ali na frente da rua, limpando uma área pública, comentários como:
 
  • a senhora é louca;
  • não está na frente da sua casa;
  • isso é trabalho para a prefeitura;
  • corajosa.
Só isso, ninguém pegou uma enxada para ajudar, ninguém se prontificou a levar o lixo para um local adequado, ninguém ofereceu um copo d'água (e o dia estava bem quente), pelo contrário perguntaram quanto a prefeitura pagou para ela fazer a limpeza. Nem preciso dizer que cidadania e higiene ambiental não tem preço.
 
Não é necessário dizer muito mais, só quero mostrar como ficou o local:




Foi assim que ficou o comecinho da rua, além de limpar ela plantou 3 mudas de árvore, faz 90 dias e o lixo não voltou mais.
 
CONCLUSÃO: O lixo não gosta de árvores.
 
Para minha mãe, com carinho.

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

EXPRESSANDO SENTIMENTOS E EMOÇÕES ATRAVÉS DOS DESENHOS



Yōkai (妖怪)






Literatura de demônios, espíritos, ou monstros), também escrito como youkai, é uma classe de criaturas sobrenaturais do folclore japonês, que inclui:

Alguns são humanos com características de animais, ou o contrário, como
  • o Kappa (criança do rio)
  • o Tengu (cães sagrados).

Um yōkai geralmente tem algum tipo de poder sobrenatural ou espiritual, e assim encontros com humanos tendem a ser perigosos. Um yōkai que tem a habilidade de se transformar é chamado de obake. O termo yōkai é ambíguo, e pode ser usado para designar todo tipo de monstro e criatura sobrenatural.

in: http://pt.wikipedia.org/wiki/Y%C5%8Dkai


Essa é só uma introdução para o mais novo apego de Icaro, essas criaturinhas que ele adorou conhecer por definição. mas já conhecia por compor vários personagens que têm tais características, aqui vão alguns deles:











Todas as  composições são dele, uma forma bem particular e diferente de expressão de valores, sentimentos e ideias.

domingo, 12 de outubro de 2014

Inventando brincadeira a partir de outra brincadeira.

Acho que é assim que as coisas são.
A gente pensa em algo, ou faz por ter aprendido com alguém, Icaro gostou da brincadeira da BOLINHA QUE ANDA, criou sua versão, ele alterna as mãos enquanto brinca, gostei.
 
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O AUTISMO E O TOQUE.

Tocar, afagar, abraçar são gestos humanos muito comuns nos relacionamentos, seja durante uma conversa, a higiene da criança, uma brincadeira e tantos outros eventos  diários onde ocorre a troca de toques, que são vistos como comuns, desejados e necessários.

Entretanto, para crianças que apresentam características do espectro do autismo é muito comum que tais contatos físicos sejam evitados ou até mesmo repudiados. Isso ocorre em grande parte pela hipersensibilidade apresentada em alguns casos.

Pessoas no espectro do autismo apresentam os sentidos altamente aguçados, pode ocorrer em qualquer um dos sentidos, em todos eles, ou até em nenhum deles, como ocorre em situações onde a criança se fere com gravidade e parece não sentir dor. Salientando: parece.

O que pode ocorrer é uma redução sensória seja por ocorrência de desenvolvimento de mecanismos de defesa, por interferência de algum princípio ativo (medicamento) ou alergias alimentares que tendem a dificultar os processos sinápticos que estão ligados às sensações e às respostas adequadas a determinadas ocorrências.

Quero frisar que esses relatos são aqui registrados através do contato e convívio com pessoa que está no espectro do autismo, assim são colhidos através de observações, vivências e manifestações perpétuas ou efêmeras, que podem se associar, dissociar, transmutar ou até desaparecer.

Sim, é complexo!

O autismo é uma das síndromes (estados mórbido caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas, e que pode ser produzido por mais de uma causa, in Aurélio) mais complexas, recentes e instigantes para nós, assim, cada indivíduo é quase uma ilha com toda uma estrutura isolada, individual e particular de onde raramente se pode pegar como exemplo ou espelho para aplicação, estudo e terapias desenvolvidas em massa.

Não pretendo assustar,  desanimar ou desesperar, quem está entrando agora nessa embarcação, o que pretendo é amainar as expectativas de que tudo vai dar certo, porque não vai, não vai de primeira, no manejo da pessoa do espectro do autismo a palavra de ordem é PERSPICÁCIA, tentar muitas vezes, repetir, insistir, até calejar, é uma abordagem diária, quase ritualística e religiosa, preguiça é uma palavra que precisa ser extirpada do vocabulário daquele que maneja a pessoa que está no espectro, cansaço, sim, preguiça, nunca.

Darei início explicando uma brincadeira que faço com meu filho utilizando bolinha de borracha.
Aquelas bolinhas que brincamos de jogar, de tamanho médio já serve, contanto que caiba e se encaixe nas mãos de quem vai aplicar a brincadeira.

Consiste em brincar de tocar na pessoa do espectro, trabalhar sua sensibilidade,  incentivando a aceitação do toque como forma de manifestação do agradável, do brincante do prazeroso.

De primeira você não vai conseguir, brinque anteriormente com a bolinha, de jogar, de rolar, de quicar, ponha nas mãos da pessoa, deixe que ela se familiarize e comece  a A BRINCADEIRA DA BOLINHA QUE ANDA.

Uma dica, comece pelas mãos ou pelos pés, eu por exemplo fiz pelos pés, faça nos seus pés primeiro:

  • coloque a bolinha no chão e passe seu pé em cima dela;
  • incentive que @ outr@ faça o mesmo;
  • passe do seus pés para o pé d@ outr@ e vice-versa;
  • em seguida, pegue a bolinha e suba pelas canelas d@ out@ desça e repita o gesto;
  • a bolinha precisa ser manejada com uma das mãos, pois um chute ou empurrão pode ser empreendido contra você caso haja algum estranhamento;
  • fazendo uma espécie de massagem, circule com a bolinha todas as áreas que forem permitidas, o resultado pode surpreender, afinal é aceitável que seja a bolinha (um plástico, uma borracha, um objeto "distante") e não uma pessoa que a esteja tocando diretamente e isso parece incomodar ligeiramente menos a pessoa no espectro.
Brinque várias vezes, escolha um tempo de duração, mesmo que a pessoa a princípio  não aceite bem,  determine que fará (ou tentará fazer) por 10, 15 minutos, e em seguida amplie este tempo, deixe a pessoa fazer em você e logo ela fará em si própria como estímulo e diversão.
 
Na nossa página no facebook
Icaro se divertindo com A BRINCADERA DA BOLINHA QUE ANDA.
 
  • Trabalha o toque;
  • Ensina a tomar banho;
  • Conhece as partes do corpo;
  • Trabalha a coordenação motora.
 
Boa sorte e boa brincadeira!


 

RETOMADA.
Passou bastante tempo desde a última postagem, até me assustei, a data é de agosto de 2013!
 
Puxa!
 
Retorno com alguma novidades, mais precisamente com temas e papos que envolvam além da arte de bonecos, dedoches e fantoches, uma amostragem das vivências e experiências com meu filho Icaro (meu grande mestre, rs).
 
Para dar início, vou lembrar que Icaro está com 10 anos, e nesse momento acabamos de receber uma notícia um tanto perturbadora. De acordo com exames clínicos Icaro apresenta déficit cognitivo em decorrência de hipóxia neonatal.
 

O QUE É HIPÓXIA? 
 
Hipoxia é o sofrimento fetal, também chamado de hipóxia neonatal, consiste na diminuição ou ausência da assimilação de oxigênio recebida pelo feto através da placenta. Este quadro pode ser agudo ou crônico.

Em muitos casos este sofrimento é implicado por uma patologia materna que ocasiona redução na sua concentração de oxigênio sanguíneo, como, por exemplo, em um quadro de anemia significativa, um problema respiratório ou cardíaco. Existem também outras patologias maternas que resultam em uma irrigação placentária ineficiente, como no caso da hipertensão arterial  ou a diabetes gestacional, levando, consequentemente, à diminuição da oxigenação fetal. Apesar de estes problemas não apontarem alterações evidentes na oxigenação ao longo da gestação, podem ocasionar uma insuficiência da mesma no momento do parto, em decorrência do esforço realizado pela mãe ou quando há associado uma redução da irrigação placentária durante as contrações uterinas. Além disso, problemas ocorridos no momento do parto, como placenta prévia e o descolamento prematuro da placenta, podem resultar em problemas mais severos na oxigenação do feto.
Dentre outros problemas que causam a diminuição da oxigenação fetal estão:
  • Alterações das contrações uterinas;
  • Posições anômalas do feto;
  • Desproporção entre as dimensões da pélvis da mãe e do tamanho do feto;
  • Nascimento de múltiplos;
  • Ruptura uterina;
  • Anomalias do cordão umbilical.
As consequências da hipóxia neonatal variam de acordo com a intensidade da redução de oxigênio fetal e do tempo de duração da mesma. Quando o problema é identificado precocemente, a recuperação do feto costuma ser rápida e não deixa sequelas. Contudo, quando o quadro de hipóxia é prolongado, pode levar a lesões irreversíveis em diversos órgãos, especialmente no sistema nervoso, como:
  • Lesões cerebrais difusas de baixa severidade, que ocasionam problemas de comportamento e atraso no desenvolvimento psicomotor do indivíduo;
  • Lesões encefálicas extensas mais severas, podendo resultar em paralisia cerebral infantil, epilepsia ou atraso mental. Além disso, as lesões encefálicas também podem levar à morte do feto no decorrer do parto ou algumas horas após o nascimento, em virtude do comprometimento das funções vitais do mesmo.
O diagnóstico do sofrimento fetal é alcançado através da monitorização cardiotocográfica do parto, pois por meio deste procedimento é possível monitorar a reserva respiratória fetal. Um exame que auxilia no diagnóstico é a amnioscopia que, em muitos casos, evidencia a expulsão do mecônio, que é indicativo de sofrimento fetal. A análise laboratorial do sangue fetal aponta com precisão a exacerbada redução do oxigênio fetal e a consequente elevação da acidez sanguínea.
 
Quando o sofrimento fetal é comprovado, medidas devem ser adotadas para resolver o problema quando possível, ou o parto deve ser finalizado o mais rapidamente possível para não resultar em lesões irreversíveis no feto. Quando o sofrimento fetal ocorre antes do parto, deve-se recorrer à cesariana.
 


Nesse sentido eu fiquei sem ação e mais uma vez após suspeita de autismo aos 3 anos e o diagnóstico aos 6 anos de idade, eu me pego na sensação de culpada, relapsa, inerte diante de um fato que nunca me foi dito, somente agora aos 10 anos nos chega essa suspeita que me faz sentir abatida e revoltada, afinal o nosso discurso sempre foi o mesmo para todos os médicos: "O parto foi natural,  fiz muito esforço, ele não respondia à expulsão, nasceu com bossa",(inchaço na cabeça) o que na verdade é bem menos relevante do que se me tivessem dito que teria havido algum sofrimento fetal e hipoxia.
 
Tem horas que penso: "certamente sou de aço", levantei a cabeça e me voltei ainda mais a leituras sobre autismo e deficiências associadas, das quais a paralisia cerebral e a deficiência mental.
 
Estou triste, CLARO, mas sem esperanças, NUNCA, JAMAIS!
 
Mais aprendizado, esforço e busca, sempre, vamos surpreender essa sindromezinha ridícula chamada autismo e agora vamos provar que atraso mental não é sinônimo de incapacidade, faremos ainda mais, pensar, pensar e repensar, atitudes, modos, saídas, vamos dar um jeito, conseguimos muito em consultas médicas de 90 em 90 dias, faremos ainda melhor, descobrimos a cara do bicho papão, depois que a gente vê a cara dele, todos os medos vão embora, afinal também sabemos fazer cara feia!


 Até a próxima!

domingo, 4 de agosto de 2013

O poema da girafa para o querido Miguel...

(Poema de Carlos Pimentel)

Girafa

A girafa é um bicho      

muito engraçado
que dá a impressão
de que foi feito errado...

O pescoço é tão comprido
(e não sou só eu que acho!),
que deve ser bem difícil
a girafa olhar pra baixo...

Ela anda de um jeito
desengonçado,
parece um navio
num mar agitado.

Mas uma coisa é certa
e nisso eu acredito:
a girafa é um animal
simpático e bonito...

E agora me diga
- não pode hesitar:
-Como é que a girafa
faz pra namorar?

Carlos Pimentel