domingo, 12 de outubro de 2014

O AUTISMO E O TOQUE.

Tocar, afagar, abraçar são gestos humanos muito comuns nos relacionamentos, seja durante uma conversa, a higiene da criança, uma brincadeira e tantos outros eventos  diários onde ocorre a troca de toques, que são vistos como comuns, desejados e necessários.

Entretanto, para crianças que apresentam características do espectro do autismo é muito comum que tais contatos físicos sejam evitados ou até mesmo repudiados. Isso ocorre em grande parte pela hipersensibilidade apresentada em alguns casos.

Pessoas no espectro do autismo apresentam os sentidos altamente aguçados, pode ocorrer em qualquer um dos sentidos, em todos eles, ou até em nenhum deles, como ocorre em situações onde a criança se fere com gravidade e parece não sentir dor. Salientando: parece.

O que pode ocorrer é uma redução sensória seja por ocorrência de desenvolvimento de mecanismos de defesa, por interferência de algum princípio ativo (medicamento) ou alergias alimentares que tendem a dificultar os processos sinápticos que estão ligados às sensações e às respostas adequadas a determinadas ocorrências.

Quero frisar que esses relatos são aqui registrados através do contato e convívio com pessoa que está no espectro do autismo, assim são colhidos através de observações, vivências e manifestações perpétuas ou efêmeras, que podem se associar, dissociar, transmutar ou até desaparecer.

Sim, é complexo!

O autismo é uma das síndromes (estados mórbido caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas, e que pode ser produzido por mais de uma causa, in Aurélio) mais complexas, recentes e instigantes para nós, assim, cada indivíduo é quase uma ilha com toda uma estrutura isolada, individual e particular de onde raramente se pode pegar como exemplo ou espelho para aplicação, estudo e terapias desenvolvidas em massa.

Não pretendo assustar,  desanimar ou desesperar, quem está entrando agora nessa embarcação, o que pretendo é amainar as expectativas de que tudo vai dar certo, porque não vai, não vai de primeira, no manejo da pessoa do espectro do autismo a palavra de ordem é PERSPICÁCIA, tentar muitas vezes, repetir, insistir, até calejar, é uma abordagem diária, quase ritualística e religiosa, preguiça é uma palavra que precisa ser extirpada do vocabulário daquele que maneja a pessoa que está no espectro, cansaço, sim, preguiça, nunca.

Darei início explicando uma brincadeira que faço com meu filho utilizando bolinha de borracha.
Aquelas bolinhas que brincamos de jogar, de tamanho médio já serve, contanto que caiba e se encaixe nas mãos de quem vai aplicar a brincadeira.

Consiste em brincar de tocar na pessoa do espectro, trabalhar sua sensibilidade,  incentivando a aceitação do toque como forma de manifestação do agradável, do brincante do prazeroso.

De primeira você não vai conseguir, brinque anteriormente com a bolinha, de jogar, de rolar, de quicar, ponha nas mãos da pessoa, deixe que ela se familiarize e comece  a A BRINCADEIRA DA BOLINHA QUE ANDA.

Uma dica, comece pelas mãos ou pelos pés, eu por exemplo fiz pelos pés, faça nos seus pés primeiro:

  • coloque a bolinha no chão e passe seu pé em cima dela;
  • incentive que @ outr@ faça o mesmo;
  • passe do seus pés para o pé d@ outr@ e vice-versa;
  • em seguida, pegue a bolinha e suba pelas canelas d@ out@ desça e repita o gesto;
  • a bolinha precisa ser manejada com uma das mãos, pois um chute ou empurrão pode ser empreendido contra você caso haja algum estranhamento;
  • fazendo uma espécie de massagem, circule com a bolinha todas as áreas que forem permitidas, o resultado pode surpreender, afinal é aceitável que seja a bolinha (um plástico, uma borracha, um objeto "distante") e não uma pessoa que a esteja tocando diretamente e isso parece incomodar ligeiramente menos a pessoa no espectro.
Brinque várias vezes, escolha um tempo de duração, mesmo que a pessoa a princípio  não aceite bem,  determine que fará (ou tentará fazer) por 10, 15 minutos, e em seguida amplie este tempo, deixe a pessoa fazer em você e logo ela fará em si própria como estímulo e diversão.
 
Na nossa página no facebook
Icaro se divertindo com A BRINCADERA DA BOLINHA QUE ANDA.
 
  • Trabalha o toque;
  • Ensina a tomar banho;
  • Conhece as partes do corpo;
  • Trabalha a coordenação motora.
 
Boa sorte e boa brincadeira!


 

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